terça-feira, 19 de março de 2013

Habemus Séc. XXI?

Olá Caríssimos,

Faz algum tempo que não publico nada, por motivos da vida, muitas coisas acontecem, muitas mudanças, mas nada como inspirações para poder escrever algo a vocês.

Pelo título, acredito que imaginem qual será o assunto. Mas vamos tentar trabalhar um pouco mais sobre a atualidade dos fatos, sem cairmos em superficialidades, ou posições fechadas. Algo muito interessante acontece nessa segunda década do Séc. XXI...

Iniciemos pelo Centro do Mundo, como diriam os antigos: Roma. Após a medievalidade do papado de Bento XVI, eis que surge algo novo, com a simples alcunha de Francisco. Lembremos que o nome escolhido pelo Sumo Sacerdote imprime o significado, o simbolismo de como será o seu pontificado.

Não digo que o posicionamento do então Padre Jorge Mário Bergoglio em relação à atroz Ditadura Militar Argentina deva ser ignorado. Porém, em seus primeiros atos como Pontífice, procura na simplicidade e na proximidade com o povo (palavra não usada pelo Vaticano desde 1978) buscar um sentido para essa Instituição milenar, arcaica e medieval.

Francisco de Assis, como muitos devem saber, foi um rapaz rico, que após uma epifania (sempre quis usar essa palavra!) resolveu se despir de toda a sua riqueza, a fim de viver em pobreza junto com o povo e a natureza. Considerava todos os seres vivos irmãos, filhos da mesma criação divina. Era um hippie da época das Cruzadas! Criou uma Ordem mendicante, na qual tinha como fim viver a experiência humana de Jesus Cristo. Foi uma mudança brusca para aquele momento histórico, onde a riqueza e o luxo eram os principais objetivos da Igreja Católica Apostólica Romana (nada diferente de hoje).

Esse simbolismo, para um Papa, de fato é algo que mexe (e muito) no imaginário coletivo. Estamos falando de uma instituição envolta em escândalos de religiosos pedófilos, relacionamentos com as máfias, má administração do Banco do Vaticano (o mais secreto do mundo), fora o que está registrado no tal de Vatileaks, que certamente não será exposto ao público em geral. Além desses fatos, o Vaticano não está acompanhando as mudanças que o mundo vive. O reflexo disso é o esvaziamento de fiéis, que buscam soluções rápidas em Igrejas Neopentecostais, onde se paga o dízimo com o cartão de débito, na esperança de um milagre imediato.

Além do simbolismo de se chamar Francisco, somamos o fato de ser o primeiro Papa oriundo do continente americano, saindo da velha opção eurocentrista, e o primeiro Jesuíta. Para quem leu minhas postagens antigas, não é necessário maiores explicações sobre esse último aspecto.

Enfim, várias mudanças para essa instituição herdeira do antigo Império Romano. Não digo que vá acontecer uma revolução ideológica nos cânones da Santa Sé. Mas só pelo fato do Papa Francisco pedir um olhar especial aos pobres do mundo e à natureza (esfacelada pela ganância capitalista), já é um motivo de acompanharmos com atenção esse novo capítulo da História, que promete grandes emoções...