segunda-feira, 21 de abril de 2008

Paraguai agora é esquerda!


Olá Caros Leitores!

É com grande alegria que publico sobre a ultima grande noticia de nosso continente: a vitória do ex-bispo Fernando Lugo no pleito presidencial paraguaio.

Finalmente, depois de 61 anos, o Paraguai se livra das garras do Governo Colorado, que desde antes da Ditadura Militar daquele país (1954-1989) se mantém no poder. Uma vitória linda, que com certeza vai impulsionar mais a integração Sul-americana. Mas vamos analisar o Paraguai de uma forma geral, desde suas origens até esse grande momento político.

O Paraguai foi formado a partir da experiência das Missões Jesuíticas, onde após a expulsão dos padres da Companhia de Jesus em 1768 continuou sua trajetória de desenvolvimento.

Em 15 de maio de 1811 se tornou a primeira república do continente através da independência proclamada por Dr. José Gaspar Garcia Rodriguéz de Francia, sem luta e sem guerra, criando um Estado forte militarmente, auto-sustentado, porém sem saída para o mar. Dr. Francia, também conhecido como "O Supremo", veio a falecer em 1840.

De 1840 até 1870, assume o poder a família Lopez, primeiro o pai, Carlos Lopez, que introduziu a Indústria de Base naquele país. Após seu falecimento, seu filho Francisco Solano Lopez desejava que o Paraguai se tornasse o principal país do continente. Porém, com o advento da Guerra do Paraguai (1865-1870), viu seus sonhos cairem por terra. Não só seu sonho, como o sonho de toda a população paraguaia. Cabe lembrar que essa Guerra deixou nada mais nada menos que 90% de seus homens e 50% de suas mulheres mortos. Em outras palavras, a população foi dizimada! Tanto é que em 1871 surgiu uma lei que permitia que o homem poderia casar com 3 mulheres, para assim poder repovoar aquele país. Os liberais tomaram o poder, e começou aí a triste história da grande nação paraguaia. A derrota na Guerra do Paraguai fez esse país amargar 50 anos de estagnação econômica.

Em 1932, tropas bolivianas invadem o Paraguai, ocasionando assim a Guerra do Chaco (1932-1935). Com a vitória das tropas paraguaias, o Chaco foi incorporado a seu território.

Em 1954 Alfredo Stroessner dá o golpe militar, e permanesse no poder até 1989. Não podemos esquecer que a Ditadura Militar de nosso vizinho foi a mais longa do continente, levando o Paraguai a um alto atrelamento em relação aos interesses dos EUA.

Mesmo que o Paraguai venha tendo eleições democráticas desde 1989, somente o Partido Colorado vencia nas urnas. Um país com crescente instabilidade política e corrupções descaradas por parte dos membros do Partido Colorado e dos grandes latifundiários, vê pela primeira vez uma luz no fim do túnel. Não que vá se mudar da noite para o dia a dramática situação de nosso vizinho, mas uma esperança surge na pessoa de Fernando Lugo.

Coincidência ou não, mas um Ex-Bispo poderá quem sabe colocar o Paraguai nos eixos, e quem sabe criar bases para que se torne aquilo que um dia foi, naquela época em que os Jesuítas, junto com o povo Guarani, criaram algo diferente para a humanidade.

Viva Lugo! Viva o Paraguai! Viva a América do Sul! Viva a Esquerda!!!!!!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Começo da História

Olá Caros Leitores!

Vou começar uma série de textos, baseados no livro "São Miguel - A saga do Povo Missioneiro", de Rafael Baioto e Júlio Quevedo, especialistas no assunto no qual acompanhamos. Espero que gostem, e tirem suas próprias conclusões.

O Começo da História

Povoar para garantir a posse do território, obter riquezas e comerciá-las. Essa foi a premissa que motivou as ações das Coroas Ibéricas na região do Rio da Prata entre os Séc XVI e XVIII, pautadas no Tratado de Tordesilhas, de 1494, e pelas mobilizações das suas frentes de expansão.

A passagem do Séc XVII para o XVIII for marcado por ações militares entre portugueses e espanhóis na região do Rio da Prata, devido aos conflitos que se intensificaram com a fundação da Colônia de Sacramento, em 1680, um entreposto português em terras espanholas. Tendo sido por várias vezes atacada, os cercos a essa colônia lusa contavam com exércitos formaos pelo povo Guarani, advindo das Missões Jesuíticas, que cumpriam, também aí, sua função política de defender o território em nome do rei da Espanha e da Igreja Católica.

As ações portuguesas na região platina preocupavam os padres jesuítas que viam em risco não apenas a população missioneira, mas também as suas riquezas, principalmente o seu gado, além de terem sua estrutura comercial no Prata abalada em função da concorrência portuguesa. Por isso, eles reclamaram ao rei espanhols D. Felipe V, em 1743, expondo a importância dos trabalhos prestados àquela Coroa e os riscos que corriam a partir da expansão lusa, que poderia pôr a perder a ação missional, levando os Guarani a abandonarem as Missões. Assim, as populações missioneiras e seus exércitos eram de suma importância para a manutenção da geopolítica espanhola na região do Rio da Prata.

Nesse contexto, a análise do processo histórico é um fator preponderante para que se compreenda a construção e a desconstrução do espaço reducional de São Miguel, a partir de alterações vividas pelo anterior, o Tekohá, o primeiro espaço do guarani.

Tu conheces a história de São Miguel das Missões? Provavelmente já visitastes as ruínas de São Miguel e sabes também que elas são consideradas Patrimônio Histórico da Humanidade. Por isso, milhares de pessoas de diversos lugares do mundo já vieram nos visitar e divulgam o nosso patrimônio em todos os Continentes. E nós, o que sabemos sobre as nossas ruínas? Sobre a origem do nosso povo?

A nossa proposta é te ajudar a conhecer melhor a nossa história, a nossa formação étnica e a importância que desfrutamos na história e cultura do Rio Grande do Sul.

Por que o nome São Miguel? A origem vem dos tempos bíblicos, onde na mitologia católica São Miguel é um dos sete anjos assistentes diretos de Deus Pai todo poderoso. Seu nome é de origem hebraica e significa: "aquele que é igual a Deus". São Miguel seria o responsável por uma legião de anjos que deveriam proteger os céus contra os demônios.

Quando os missionários jesuítas aqui chegaram, em 1687, encontraram um lugar belíssimo, com matas verdejantes e fontes d'água límpidas. Nesse lugar habitavam homens, os bravos guerreiros que se denominavam guaranis. Este povo acolheu os jesuítas, junos contruíram uma civilização, lançaram à terra as sementes que germinaram e garantiram o sustento de centenas de missioneiros. A partir daquele instante, para os jesuítas e os índios missioneiros, a terra se tornava a "Terra da Promissão" e o nome escolhido foi São Miguel Arcanjo, em homenagem ao anjo protetor contra os inimigos da obra missionária.

São Miguel se mostrou forte e promissora. Seus filhos guarani-missioneiros sempre foram bravos guerreiros, quando isto se fez necessário, mas também eram sensíveis poetas e artistas em tempos de paz.

Aqui começa a história da formação da atual cidade de São Miguel das Missões e do prórpio Rio Grande do Sul

Fonte: São Miguel das Missões - Rafael Baioto e Júlio Quevedo - 2ª edição, Porto Alegre: Martins Livreiro, 2005.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A Cruz de Caravaca


A história de Caravaca, por certo, é formada de episódios ricos que estão registrados; porém, o fato lendário perdurou e a Igreja não abre mão do mágico aparecimento da Cruz de Caravaca, tendo-o como real, verídico e milagroso.

No ano de 1231, reinava na Espanha o rei Abu Zeyt, conhecido como Muhammad ben Yaquib. Em Caravaca, na fortaleza maior, Muhammad mantinha prisioneiros, um grupo de cristãos, suspeitos de tramarem contra os invasores. Entre o grupo, de aproximadamente quinze pessoas, encontrava-se, incógnito, um sacerdote de nome Gines Perez Chirinos que ministrava aos seus companheiros o conforto da religião.

Essas práticas foram descobertas pelos guardas e o fato chegou aos ouvidos de Muhammad que, interessado, mandou vir à sua presença o religioso prisioneiro, para conhecer as suas atividades e descobrir se estava sendo arquitetada a insurreição.

Várias foram as audiências mantidas com Muhammad, que ficou impressionado com o religioso a ponto de se interessar pela atividade de sacerdote e o que significava a celebração da Santa Missa. Chirinos viu a oportunidade, não exatamente de melhorar a sua situação de prisioneiro, mas a de preparar a alma do Rei para uma utópica conversão ao Cristianismo.

Certo dia Muhammad, mais paciencioso, pediu a Chirinos que lhe explicasse o mistério da Eucaristia. Chirinos objetou de que não poderia fazer o desejo do Rei, porque não dispunha dos elementos necessários para celebrar o ato sagrado.
Muhammad, julgando que Chirinos não desejava satisfazer a sua curiosidade, irritou-se, recomendando severidade no tratamento dos prisioneiros.

Com o passar dos dias, a curiosidade e talvez o toque espiritual divino, passaram a preocupar o Rei a ponto de perder a tranquilidade. Mandou vir, novamente, à sua presença Chirinos que se apresentou em lastimável estado de penúria e sofrimento. Muhammad, com palavras suaves, tornou a pedir ao sacerdote que celebrasse a Missa e que fizesse uma relação de tudo quanto necessitaria para o ato.

Comovido, Chirinos foi enumerando todos os objetos necessários e pediu um local apropriado; foi escolhido um recanto da fortaleza, próximo à torre, que foi limpo, ordenado e preparado para a instalação de um altar. Chegando às mão de Chirinos os elementos, foi fácil verificar que haviam sido retirados dos altares das igrejas, resultando, assim, em uma visível profanação. Negou-se Chirinos a prosseguir na sua tarefa, pois, o que havia sido profanado, não poderia servir ao sacrifício.

Muhammad então exigiu de Chirinos o prosseguimento dos preparativos, sob pena de serem os seus companheiros de cárcere torturados até a morte. Sem outra alternativa Chirinos prosseguiu. Ele havia montado o altar, preparado o vinho e o pão e treinado dois companheiros de prisão para servirem como acólitos, todos devidamente trajados de conformidade com os costumes da Igreja; o sacerdote estava comovido.

O Rei mandou chamar os seus amigos e familiares e se dispôs com grande atenção e emoção a presenciar o ato máximo de uma 'Magia' Cristã. Foi naquele preciso momento de expectativa que Chirinos se deu conta de que havia esquecido de pedir o elemento principal: uma Cruz !

Notando o nervosismo de Chirinos, e vendo lágrimas em seus olhos, Muhammad indagou o que estava acontecendo. Quis saber o que significava a Cruz e por que era imprescindível a presença daquele símbolo. O local onde se encontravam era iluminado pela luz solar que penetrava através de uma abertura sobre o Altar. Chirinos vendo frustrado seu trabalho e temendo ser castigado como ameaçara o Rei, com palavras confusas e balbuciantes tentou descrever a Cruz. Muhammad, com o olhar posto na abertura sobre o Altar, apontou com as mãos para ela e com voz embargada pela emoção: "É isso aí, a Cruz ?" Chirinos acompanhou o gesto de Muhammad e viu assomarem pela janela dois anjos luminosos, trazendo em suas mãos uma Cruz!

A Cruz, que tinha um formato curioso, uma composição da Cruz Latina com Tau, revestida de pedraria, toda de ouro, foi colocada pelos anjos, no seu devido lugar, sobre o Altar. Um dos Anjos disse que a Cruz era parte da Cruz do Calvário. Todos tinham os seus olhares fixos na Cruz e não perceberam como os Anjos desapareceram. O silêncio era comovente.

Chirinos, como possuído por uma força estranha, começou a celebrar. Muhammad, seus familiares e todos os presentes, converteram-se naquele momento ao Cristianismo. Todos os prisioneiros foram libertados e aquela fortaleza foi transformada em Igreja.

Misteriosamente, e isso ninguém sabe, precisamente no dia 14 de Fevereiro de 1934, a Cruz desapareceu.

(Extraído do Livro "A Origem de Tudo", autor: Rizzardo da Camino)